A descoberta pelo prazer da leitura
Como conseguem ficar altamente concentradas por horas e horas diante de um livro?
Como devoram 400, 500 páginas em semanas?
De que maneira fazem da leitura um lazer?
Como devoram 400, 500 páginas em semanas?
De que maneira fazem da leitura um lazer?
O hábito da leitura não foi estimulado durante minha infância, a realidade que me cercava (família, escola e amigos) não proporcionaram exemplos sólidos que pudesse seguir. Na adolescência, o cenário não se alterou, ler ainda era algo muito distante de mim. Tive que dar atenção a alguns livros no ensino médio, mas confesso que foi por pura obrigação.
O primeiro livro que li nesse período, lembro como hoje, falava sobre política com uma abordagem filosófica. Além desse, deparei-me com alguns clássicos da literatura, o arsenal da matéria, na escola, era antigo, a linguagem e a forma de escrita, bem arcaicas. Sério, se para quem já é leitor assíduo tais textos podem ser desconfortáveis, imagine para quem não é ter como “livros primogênitos” leituras densas e de compreensão mais difícil. É como entregar uma criança medrosa ao bicho papão (rsrsrsrs). A partir de então, comecei a acreditar que ter o prazer em ler era uma impossibilidade para minha existência.
Só depois que fui para o cursinho - visando a preparação para o concorrido vestibular de medicina, no início da minha face adulta - que me deparei com pessoas que carregavam em si grande empatia pelo universo das palavras. Achava interessante como se concentravam, riam e até formavam grupos para discutir determinadas histórias, e as discussões eram bem calorosas. Comecei, então, a indagar-me se também seria capaz de sentir o que eles sentiam diante de várias folhas enumeradas. Fui pesquisar a respeito e achei esse fantástico vídeo do professor Pierluigi Piazzi (vale a pena conferir):
Descobri que deveria dedicar um tempo para descobrir o meu estilo de leitura, talvez não achasse de primeira (assim como afirmou o prof no vídeo), mas deveria continuar tentando. Conversei com a professora de linguagens (Sabrina Lucas, por quem tenho grande admiração) a respeito e ela indicou O Monge e o Executivo entre outros, mas foi desse que corri atrás; o achei na biblioteca da cidade, e não hesitei, levei-o para casa e o devorei no final de semana. A experiência foi incrível: ri, chorei, me descontrai e, quando terminou, senti falta. Foi a primeira vez que senti tais sensações na companhia de um conjunto de páginas escritas.
Mesmo com essa ótima experiência, as vezes me surpreendia com pensamentos negativos a respeito da minha capacidade de ter prazer em ler. Certo dia, a mesma professora me emprestou os livros Quem Somos Nós? e A Sombra do Vento - essa ordem que os li. Com o primeiro me deparei com as seguintes citações:
- “Tudo o que somos é resultado do que pensamos. A mente é tudo. Nós nos tornamos aquilo que pensamos”.
- "Quando nos libertamos das premissas sobre nós mesmos, crescemos mais do que imaginamos ser possível."
Simplesmente, um tapa na minha cara! O alicate hidráulico, ou melhor dizendo, a Lei Áurea que faltava para me libertar das correntes que escravizavam minha mente na ignorância de não amar o incrível ato de ler.
Após ter rompido as barreiras da deficiência do processo de aprendizado e as que eu mesma construí, hoje consigo “devorar” livros, passar horas agarrada a eles, chegar à madrugada aventurando-me em capítulos, trocar outras atividades pelo deleite da leitura. Hoje eu posso afirmar: encontrei o mais saudável, fantástico, fascinante e admirável amor. O amor pelas histórias, o amor pelo excepcional sensação que se tem ao estar na companhia de um bom livro.
Se você ainda não conseguiu despertar o leitor ativo que há em seu interior, independente de sua faixa etária, grupos de convivência e histórico escolar, não é tarde para desenvolver tal habilidade (aqui estou como exemplo vivo de que, sim, é possível). Basta conseguir unir os seguintes elementos:
1. Ter a VONTADE de quebrar o paradigma que você mesmo construiu sobre o seu relacionamento com os livros;
2. Aplicar a ideia: começou um livro e não gostou? Pare, passe para outro;
3. Conversar com bons leitores e adquirir deles algumas referências;
4. Leia um pouco todos os dias;
Aprender a vencer-se a cada dia é fundamental para adquirir maestria em atividades novas exteriores a nossa realidade. Dê o primeiro passo, o prazer em ler não é nada mais do que treino: requer muita prática e persistência.
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