A solução é: encarar! Vamos ao Treino...

O dia começou como um outro qualquer. Assim como de costume: levantei, arrumei minha cama, olhei no espelho, troquei de roupa, tomei café. Algo de diferente? Leitura do salmo 91.

Segui para o treino. 40 min na estrada, rally nas estardas do sítio, avião no asfalto. "Bora, você pode mais!", pensei comigo mesma; "supere-se, faça melhor do que já conseguiu fazer". O treinador não deu moleza. Aquecimento, flexão, abdominal, entre na água (tá fria? quase nada, sensação térmica de 15 ºC), bolhão.... Prepara, VAI! Saí como flecha, três pernadas, iniciou-se as braçadas - uma após a outra, uma após a outra, velocidade máxima.

"Vamos, estamos na metade da piscina, só faltam 3/4; continua, não olha para frente; mais forte, mais forte... pronto.... 25m... só mais 25... Vamos, não pare, bora perna, bora braço... Droga, respirei errado, tenta estabilizar, que sufoco, não pare, tenta estabilizar, pronto!!! Braço perdeu potência... perna acompanhou... Não desista só mais um pouco, só mais um pouco......... Chegou!" Sem ar, exausta, acabada... Faça bolhão, disse o treinador. Demorou, mas estabilizou. Um minuto e um segundo. Vitória? Talvez, só um gostinho... Diminui 4 segundos...Alegria até o momento que veio a lembrança: "preciso diminuir ainda mais 11 segundos".

Na lateral da piscina, 4 séries intensas, estoura, vai! Braço veloz, perna como nunca... Fechou! Ainda está ruim, tem erro. Mais erro? Mais erro! Respiração, extensão das braçadas. Treinador explica, eu executo. Pranchinha. Vai, vai! Mesmo ofegante; impulsiona, foi! Bate perna, bate perna. Braço esquerdo estendido, cabeça acompanha o rolamento do corpo, respira...

Uma hora e meia nessa pisadinha. Parar para repor as energias... Volta!

Mais uma vez, sem moleza. "Para ficar bom tem que piorar", palavras  do treinador... Alonga, flexão, mergulha... bolhão... prepara... VAI!

"Flecha, bate perna, bate perna, sobe para respirar, 8 braças, respira! 4, respira! 4, respira! 2, chegou! VOLTA! 4, respira! 1, droga! 1, droga! 4, respira! 4, respira! 4, respira! 2, respira! 2, respira! Mais um pouco... Chegou...." Sem ar, braços e pernas fadigados, exaustão... Bolhão! Bolhão! Bolhão!.... Estabilizada? Não, ofegante... Quanto tempo? Um relógio surge a minha frente: 57 segundos. Sério isso? Sério! Sorriso no rosto, ofegante. Descanse um pouco para ir  novamente.

Prepara, VAI! "vai, vai, vai.... só 25m, droga". O que foi? Psicológico... Porra de psicológico, não me decepcione! Descansa, bolhão, para ficarmos aqui só nos 25 mesmo! Ofegante... Buscando força... Prepara, vai! Tome braçadas, tome pernada, tome braçada, tome pernada... Na metade, "não aguento mais... não desista, vai"... Devagar, querendo ser mais veloz, sem êxito. 28 segundos,  25m... Eu quero em 18s, no máximo, 20s, diz o treinador.

Ofegante... Bolhão... Vários bolhões... Mesmo ofegante. Sem moleza, não vamos dá moleza para o corpo... Bora, mais 25m. Foi! ... Chegou! Droga, perdeu a técnica... Cabeça deitada no braço para respirar... Tão simples, mas não consegui... Vamos,  25m... Está horrível. Mais 25m com pranchinha... 6 repetições... Sem pranchinha... Vamos,  25m... Estou morta, pensei. Escuto um grito, Volta! Vamos lá...

Chegando, escuto uma voz: descansa um pouco, quero um tiro de 25 como se fosse acabar o mundo... Dê tudo de si...

Prepara, VAI! O som da água em constância. "bora, bora, bora... Todo Vapor... Perna, braço em sintonia, respira!... Perna, braço em sintonia, respira!...". Chegou! 25 segundos...

Vamos, já se foram mais 1h30 de treino... Aguenta voltar??? Meu corpo pediu para responder não, mas saiu um sim de minha boca... Então vamos! Prepara, Vai! "Corpo morrendo, sem força, braço caindo, perna parando, respira! Não para... Velocidade caiu, o corpo funcionando contra a própria vontade....". Exaustão...

Missão comprida? Não, falta muito ainda... Precisa diminuir mais 10s... "Mas ao menos uma boa parte da lição foi feita... Menos 8 segundos na parada!!! FELIZ. Muito Feliz ...".

Suar ao máximo durante os treinos para não sangra no campo de batalha.

Quem não quer encontra uma desculpa, quem quer encontra uma solução.

"Por ventura, pode até não dá certo; mas não será por falta de garra nem por ausência de força de vontade". Eltton Góis